O mercado de crédito brasileiro vive um momento desafiador. Com a taxa Selic em patamar elevado e o endividamento das famÃlias atingindo nÃveis recordes, a liberação de empréstimos tornou-se mais restrita. É nesse cenário que a Serasa Experian anuncia uma solução promissora: uma tecnologia que usa dados alternativos e inteligência artificial (IA) para destravar até R$ 21 bilhões em crédito.
A seguir, explicamos como essa nova ferramenta funciona, quais são seus impactos potenciais e por que ela pode representar um divisor de águas no acesso ao crédito no paÃs.
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Contexto atual do crédito no Brasil
Juros altos e famÃlias endividadas
A taxa Selic, referência para os juros praticados no paÃs, continua alta. Apesar de recentes reduções promovidas pelo Banco Central, ela ainda limita o consumo financiado e os investimentos. Ao mesmo tempo, o endividamento das famÃlias brasileiras alcançou 78% em fevereiro de 2025, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Com isso, os bancos estão cada vez mais cautelosos. A concessão de crédito se tornou um processo extremamente rigoroso, com exigência de garantias e histórico financeiro sólido.
Exclusão financeira afeta milhões
Muitos consumidores e pequenos empreendedores não conseguem acesso ao crédito por falta de comprovação formal de renda. Quem não possui histórico bancário ou score elevado nos birôs de crédito acaba excluÃdo do sistema, mesmo que tenha condições de arcar com um empréstimo.
Nova solução da Serasa
O que são dados alternativos?
Diferente dos modelos tradicionais, a nova tecnologia da Serasa aposta em dados alternativos, como:
- Pagamentos de contas de consumo (água, luz, telefone);
- Histórico de compras online;
- Movimentações em contas digitais;
- Atividades nas redes sociais;
- Comportamento de navegação na internet.
Essas informações, muitas vezes ignoradas pelos bancos, são analisadas para compor um retrato mais fiel da saúde financeira de cada consumidor.
Como funciona a tecnologia?
A Serasa utiliza algoritmos de inteligência artificial e machine learning para processar e interpretar os dados. O sistema segue as seguintes etapas:
1. Coleta de dados
Fontes públicas e privadas são acessadas, sempre com o consentimento do usuário, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
2. Processamento via IA
Os dados são cruzados com informações tradicionais, como score e histórico de dÃvidas, formando um perfil detalhado.
3. Geração de novo score
Com base nessa análise integrada, é criado um novo score de crédito, que reflete a capacidade de pagamento com mais precisão.
4. Compartilhamento com instituições financeiras
Essas informações são então disponibilizadas para bancos e fintechs, que podem reavaliar clientes antes considerados de alto risco.
Impacto estimado: até R$ 21 bilhões em crédito
Segundo estimativas da Serasa, a nova solução pode viabilizar a liberação de até R$ 21 bilhões em crédito que hoje estão retidos no sistema. Esse montante representa uma injeção significativa na economia, especialmente para:
- Pequenos empreendedores;
- Autônomos;
- Consumidores com baixo score, mas bom histórico informal.
A tecnologia tem potencial para reduzir a exclusão financeira, ampliar o consumo e estimular o crescimento econômico sustentável.
Por que isso importa para a economia?
Inclusão financeira: motor do desenvolvimento
Ampliar o acesso ao crédito é essencial para reduzir desigualdades, fomentar o consumo e viabilizar novos negócios. Quando mais pessoas têm acesso a recursos financeiros, há maior movimentação na economia e geração de empregos.
BenefÃcio para pequenas empresas
As micro e pequenas empresas, responsáveis por boa parte da geração de empregos no Brasil, são frequentemente barradas em pedidos de crédito. Com a nova análise da Serasa, muitas poderão comprovar sua capacidade de pagamento e conseguir fôlego financeiro para crescer.
Desafios da nova tecnologia
Privacidade e segurança de dados
O uso de dados alternativos exige cuidados redobrados com a privacidade. A Serasa garante que todo o processo respeita a LGPD, mas o acesso a dados de redes sociais, por exemplo, ainda levanta questionamentos.
Adoção por bancos e instituições
Mesmo com uma tecnologia robusta, o sucesso da iniciativa depende da confiança dos bancos. Instituições mais conservadoras podem resistir à adoção do novo modelo, optando por permanecer nos critérios tradicionais.
Inclusão digital e educação financeira
Para que mais brasileiros sejam beneficiados, é preciso investir em educação financeira e acesso à internet. Sem esses fatores, muitas pessoas continuarão à margem, mesmo com novas ferramentas disponÃveis.
Papel das fintechs nesse cenário
As fintechs surgem como aliadas estratégicas da inovação no crédito. Por serem mais flexÃveis e abertas à tecnologia, essas empresas já utilizam dados alternativos e estão à frente na adoção de soluções como a da Serasa.
Elas também podem facilitar a inclusão de pessoas que ainda não têm vÃnculo com instituições bancárias tradicionais, ajudando a popularizar o novo modelo de análise.
Futuro do crédito no Brasil
Rumo a um modelo mais justo e inteligente
A tendência é que o mercado evolua para uma análise de crédito personalizada, que valorize o comportamento real do consumidor. O uso de big data, IA e dados alternativos deve se tornar cada vez mais comum.
Novas possibilidades tecnológicas
Nos próximos anos, devem ganhar espaço iniciativas como:
- Crédito colaborativo;
- Avaliação comportamental;
- Blockchain para contratos e segurança.
Todas essas propostas têm como objetivo tornar o sistema mais transparente, rápido e inclusivo.
Parcerias público-privadas
O governo pode atuar como facilitador, promovendo parcerias com bancos e empresas de tecnologia para estimular o acesso ao crédito por meio de polÃticas públicas, incentivos e regulação adequada.
Conclusão: um avanço estratégico para o paÃs
A nova tecnologia da Serasa tem potencial para transformar profundamente o cenário de crédito no Brasil. Ao adotar uma abordagem mais inclusiva, baseada em dados alternativos e inteligência artificial, a ferramenta oferece uma nova chance a milhões de brasileiros e empresas que hoje estão invisÃveis ao sistema financeiro.
Mesmo com desafios, trata-se de um passo promissor rumo à democratização do crédito, essencial para a retomada do crescimento e o fortalecimento da economia nacional.
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