A Comissão de Comunicação e Direito Digital do Senado Federal aprovou, nesta quarta-feira, um projeto de lei que estabelece regras para a proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital. A proposta, aprovada por unanimidade, busca garantir que o uso de produtos e serviços tecnológicos seja feito em condições seguras, mitigando riscos como exploração sexual, bullying, assédio e práticas publicitárias predatórias.
O projeto segue agora para a análise da Câmara dos Deputados, salvo se houver recurso para que seja votado no plenário principal do Senado. Neste artigo, detalhamos os principais pontos do texto aprovado e os impactos dessa medida para a sociedade.
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Vai à Câmara proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais
O que prevê o projeto de lei?
O projeto de lei aprovado pela Comissão de Comunicação e Direito Digital estabelece um conjunto de diretrizes para proteger crianças e adolescentes de diversas ameaças no ambiente digital. Entre os principais objetivos estão:
- Garantir a proteção integral de crianças e adolescentes ao utilizarem produtos e serviços tecnológicos.
- Mitigar riscos de exploração sexual, abuso, bullying e violência digital.
- Regulamentar a interação em jogos eletrônicos e o acesso às redes sociais.
- Combater práticas publicitárias predatórias ou enganosas.
O texto foi baseado no relatório apresentado pelo senador Flávio Arns (PSB/PR) e é de autoria do senador Alessandro Vieira (PSDB/SE). Algumas emendas foram rejeitadas, enquanto outras foram parcialmente acolhidas para aprimorar a proposta.
Medidas de proteção digital
Mitigação de riscos
O texto exige que as empresas de tecnologia adotem medidas para reduzir práticas prejudiciais, incluindo:
- Exploração e abuso sexual: As plataformas devem criar mecanismos para identificar e reportar conteúdos de abuso sexual infantil às autoridades competentes.
- Bullying e assédio: Medidas devem ser tomadas para combater práticas de intimidação e violência digital.
- Jogos de azar e produtos nocivos: A comercialização de jogos de azar e produtos como tabaco e bebidas alcoólicas deve ser regulada.
- Publicidade predatória: O projeto busca proteger crianças de práticas publicitárias injustas ou enganosas.
Controle parental em jogos eletrônicos
No caso dos jogos eletrônicos que permitem interação por mensagens entre usuários, será obrigatório observar a classificação indicativa definida pelo Poder Executivo. Além disso, as plataformas devem incluir mecanismos de controle parental que permitam aos responsáveis desativar a função de comunicação quando necessário.
Regras para redes sociais
Uma das mudanças mais debatidas no texto foi em relação ao uso de redes sociais por crianças e adolescentes. O texto original previa a proibição da criação de contas por menores de idade, mas o relator fez ajustes para permitir o uso, desde que vinculado à conta ou autorização dos responsáveis legais.
Requisitos para as plataformas
As redes sociais terão a obrigação de:
- Comunicar violações às autoridades: Devem relatar conteúdos de exploração infantil detectados às autoridades nacionais e internacionais competentes.
- Mecanismos de denúncia: Criar canais acessÃveis para que os usuários denunciem violações aos direitos de crianças e adolescentes.
- Controle de acesso: Implementar ferramentas que garantam o controle parental e restrinjam o acesso de menores a conteúdos impróprios.
Impacto do projeto
Proteção ampliada para crianças e adolescentes
Ao estabelecer regras claras para a atuação de empresas de tecnologia, o projeto representa um avanço significativo na proteção dos direitos de crianças e adolescentes no ambiente digital. Ele reforça a responsabilidade das plataformas em criar um espaço mais seguro, especialmente diante do aumento de casos de exploração e violência online.
Desafios para a implementação
Embora o projeto represente um avanço, sua aplicação exigirá esforços coordenados entre governo, empresas de tecnologia e a sociedade civil. As plataformas digitais terão que investir em tecnologias avançadas para identificar e reportar conteúdos nocivos, além de implementar ferramentas eficazes de controle parental.
Como as novas regras afetam as famÃlias?
O projeto também reforça o papel dos pais e responsáveis na supervisão do uso de tecnologias por crianças e adolescentes. Com o controle parental obrigatório em jogos eletrônicos e redes sociais, as famÃlias terão mais ferramentas para proteger seus filhos de conteúdos impróprios e práticas abusivas.
Além disso, ao tornar obrigatório o controle sobre as interações digitais, as novas regras promovem um diálogo mais aberto entre pais e filhos sobre os perigos do ambiente online.
Próximos passos
Aprovado por unanimidade na Comissão de Comunicação e Direito Digital, o projeto segue agora para a análise da Câmara dos Deputados. Caso seja aprovado sem alterações, ele será encaminhado para sanção presidencial e, então, transformado em lei.
Se houver recurso, o texto será votado no plenário principal do Senado antes de seguir para a Câmara. Em qualquer cenário, o debate sobre a regulamentação do ambiente digital deverá continuar, dado o impacto crescente das tecnologias na vida de crianças e adolescentes.
Conclusão
O projeto de lei aprovado pela Comissão de Comunicação e Direito Digital do Senado representa um marco na proteção de crianças e adolescentes no ambiente digital. Ao exigir que as plataformas adotem medidas de segurança, controle parental e reporte de abusos, a proposta busca criar um ambiente online mais seguro e ético para as gerações mais jovens.
Embora a implementação das novas regras apresente desafios, a aprovação do projeto é um passo importante para garantir os direitos de crianças e adolescentes no mundo digital. Agora, cabe à sociedade acompanhar de perto o andamento da proposta na Câmara dos Deputados e cobrar sua efetiva aplicação.