A Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que promete mudar a forma como a prova de vida é exigida para os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O projeto desobriga os beneficiários que realizarem atos registrados em bases de dados de órgãos da administração pública, como o acesso a aplicativos e sistemas governamentais, de realizar a comprovação presencial de sua vida.
Essa medida visa modernizar e simplificar o processo de confirmação de vida dos segurados do INSS, que atualmente é realizado anualmente e exige que o beneficiário se dirija a um banco ou agência do INSS para realizar o procedimento. No entanto, a proposta ainda precisa passar por outras etapas legislativas antes de ser sancionada e transformada em lei.
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O que é a prova de vida do INSS e por que ela existe?
A prova de vida é um procedimento utilizado pelo INSS para confirmar que o beneficiário de um benefício previdenciário está vivo, com o objetivo de evitar fraudes e a continuidade de pagamentos indevidos. O procedimento atualmente é feito anualmente, normalmente no mês de aniversário do titular, e é essencial para garantir a continuidade do pagamento de benefícios, como aposentadorias, pensões e auxílios.
Atualmente, o INSS exige que o beneficiário realize a prova de vida pessoalmente, o que pode ser feito de forma presencial ou por meio de um sistema eletrônico, como biometria, nos bancos ou nas agências conveniadas. Caso o beneficiário não cumpra a exigência dentro do prazo, o pagamento do benefício pode ser suspenso até que a regularização seja feita.
O que muda com o projeto aprovado pela Comissão de Previdência?
O projeto de lei aprovado pela Comissão de Previdência propõe uma flexibilização da exigência de prova de vida para os beneficiários do INSS. A medida altera a Lei Orgânica da Seguridade Social para permitir que, caso o beneficiário realize algum ato registrado em sistemas públicos, como o acesso a aplicativos ou a troca de mensagens eletrônicas com órgãos do governo, esse procedimento seja suficiente para validar a prova de vida.
Entre as formas de comprovação válidas previstas no projeto estão:
- Acesso a sistemas de órgãos públicos.
- Troca de mensagens eletrônicas (como e-mails ou WhatsApp).
- Utilização de aplicativos que registram atividades de cidadãos junto à administração pública.
O projeto propõe que essas novas formas de comprovação sejam regulamentadas pelo Poder Executivo, que definirá os detalhes de como a verificação será feita.
Os impactos da mudança para os beneficiários do INSS
A mudança proposta pode representar um alívio para milhões de brasileiros que enfrentam dificuldades de mobilidade, problemas de saúde ou moram em localidades afastadas onde o acesso a agências bancárias ou ao INSS é limitado. A proposta visa tornar o procedimento mais acessível e prático, utilizando recursos tecnológicos que já estão ao alcance de grande parte da população.
Entre os principais impactos da proposta estão:
Maior comodidade para os beneficiários
Ao eliminar a exigência de comparecimento presencial, o projeto facilita a vida dos beneficiários, que não precisarão mais se deslocar até agências bancárias ou postos de atendimento do INSS. A utilização de tecnologias já amplamente disponíveis, como aplicativos de celular e sistemas de troca de mensagens, oferece uma solução mais rápida e prática para muitos beneficiários, especialmente para aqueles que enfrentam dificuldades de locomoção.
Redução de filas e aglomerações
A medida também pode reduzir filas e aglomerações em agências bancárias e no próprio INSS. Com mais pessoas podendo realizar a prova de vida de forma digital, há um impacto direto na descentralização e desburocratização do processo, o que pode otimizar o atendimento aos demais segurados que necessitam de serviços presenciais.
Aumento da segurança e controle das fraudes
Embora o projeto busque flexibilizar o processo, ele também visa manter mecanismos para prevenção de fraudes. A relatora do projeto, deputada Flávia Morais (PDT-GO), destacou que a prova de vida realizada de forma digital pode ser um mecanismo de controle eficiente, garantindo que o INSS continue a evitar pagamentos indevidos e a proteger os recursos públicos.
O adiamento da prova de vida durante situações de emergência
Uma outra proposta incluída no texto é a possibilidade de adiar a prova de vida por até 12 meses durante situações de emergência, como calamidades públicas ou situações de saúde pública (como a pandemia de COVID-19). O objetivo é tornar o processo mais flexível durante períodos em que seria difícil para os beneficiários realizarem a comprovação de vida, sem prejudicar a continuidade do pagamento dos benefícios.
Essa medida é especialmente relevante para situações como a pandemia de coronavírus, que dificultou o deslocamento de milhões de pessoas e resultou no adiamento de diversos processos administrativos. Assim, a medida visa garantir a proteção dos direitos dos segurados do INSS, especialmente em momentos de crise.
Prós e contras do projeto
Vantagens
- Simplificação do processo: Redução da burocracia e maior agilidade no cumprimento das exigências do INSS.
- Acessibilidade: Maior facilidade para beneficiários com dificuldades de locomoção ou que vivem em áreas remotas.
- Redução de fraudes: O controle será mantido por meio do uso de tecnologias de verificação, como biometria digital e outros sistemas de monitoramento.
Desvantagens
- Aumento do risco de exclusão digital: Uma preocupação levantada por alguns críticos é que a medida possa excluir beneficiários que não possuem acesso regular à internet ou que não sabem utilizar as tecnologias necessárias para comprovar sua vida.
- Fraudes e abusos: Apesar de tentar garantir o controle, a flexibilização do processo pode abrir brechas para fraudes digitais, principalmente se as ferramentas de verificação não forem devidamente regulamentadas.
Próximos passos e expectativa
Após a aprovação na Comissão de Previdência, o projeto ainda passará por análise na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovado, será enviado para o Senado Federal e, caso seja sancionado, entrará em vigor, alterando a forma como os beneficiários do INSS realizam a prova de vida.
A medida promete trazer um avanço significativo na modernização dos serviços do INSS, tornando-os mais acessíveis e eficientes, embora haja necessidade de acompanhamento atento para garantir que a medida não gere exclusões ou brechas de segurança.
Conclusão
A aprovação do projeto de lei que desobriga a prova de vida presencial para os beneficiários do INSS que realizarem atos registrados em sistemas públicos representa um passo importante na modernização dos serviços previdenciários no Brasil. A utilização de tecnologias para a comprovação de vida promete facilitar a vida dos beneficiários e reduzir custos administrativos. No entanto, a implementação dessa medida exigirá cuidados para que ela não exclua cidadãos com dificuldades de acesso à tecnologia e garanta o controle rigoroso das fraudes.