Motoristas e entregadores que atuam por aplicativos como Uber, 99 e iFood têm um novo motivo para prestar atenção nas atualizações do governo federal. A categoria, que há anos clama por melhores condições de trabalho, acaba de ser incluída em uma iniciativa que prevê o pagamento de um benefício exclusivo a partir de 2025. A medida busca reconhecer e proteger uma parcela significativa da força de trabalho brasileira que atua na informalidade, mas que é essencial para o funcionamento da economia atual.
A seguir, entenda o que é o novo benefício, quem terá direito, como ele será pago, quais as exigências do governo, e o que isso representa para o futuro da regulamentação dos trabalhadores de aplicativo no Brasil.
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Por que o novo benefício está sendo criado?
O crescimento acelerado do trabalho por aplicativos trouxe uma nova realidade ao mercado de trabalho. Estima-se que milhões de brasileiros atuem como motoristas e entregadores autônomos, sem vínculo empregatício formal. Esses profissionais, apesar de prestarem serviços diariamente, muitas vezes ficam de fora da rede de proteção social, como previdência, seguro-desemprego e auxílio-doença.
A criação do novo benefício é parte de um esforço do governo federal para reduzir essa lacuna e oferecer um mínimo de segurança para esses trabalhadores. A proposta está inserida em um pacote mais amplo de medidas voltadas à valorização do trabalho informal e à ampliação da justiça social.
O que é o benefício para motoristas e entregadores?
Trata-se de um auxílio financeiro pago periodicamente pelo governo aos profissionais que atuam como motoristas ou entregadores de plataformas digitais. O benefício tem natureza semelhante a programas sociais já existentes, como o Bolsa Família, mas com foco nos trabalhadores de aplicativo que se enquadrarem em critérios específicos de renda e atividade.
A proposta é fornecer uma quantia mensal fixa, corrigida anualmente, para garantir o mínimo de estabilidade a esses profissionais, especialmente em períodos de baixa demanda, acidentes ou problemas de saúde.
Quem terá direito ao benefício?
Para ter direito ao novo benefício, o trabalhador precisará atender a critérios que envolvem renda mensal, tempo de serviço, comprovação de atividade como motorista ou entregador e inscrição em cadastro governamental específico. Entre os requisitos previstos, destacam-se:
- Comprovação de atuação regular por pelo menos 6 meses
- Renda mensal inferior a um teto estabelecido (a ser definido pelo governo)
- Inscrição ativa como microempreendedor individual (MEI) ou em outro modelo formal de contribuição
- Estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico)
Ainda que o detalhamento dos critérios esteja em fase de finalização, a ideia é contemplar principalmente os trabalhadores mais vulneráveis, que dependem exclusivamente da atividade com aplicativos para sobreviver.
Como será feito o pagamento?
O pagamento do novo benefício será feito por meio de uma plataforma digital do governo, com uso da conta poupança social digital ou transferência via PIX. A frequência do pagamento será mensal, podendo haver bônus adicionais em épocas específicas, como final de ano ou períodos de alta inflação.
Além disso, haverá um sistema de pontuação baseado em tempo de serviço, quantidade de entregas ou corridas realizadas e avaliação de desempenho, para calcular eventuais complementações de valor.
Impactos esperados para os trabalhadores
O principal impacto esperado é a inclusão desses trabalhadores em uma rede mínima de proteção social. Além da melhoria na renda mensal, o benefício representa um avanço simbólico na valorização da categoria, tradicionalmente invisibilizada nas políticas públicas.
Com o benefício, o trabalhador de aplicativo poderá:
- Ter maior previsibilidade financeira
- Planejar férias ou afastamentos temporários sem ficar desamparado
- Ter acesso mais facilitado a crédito e financiamentos
- Contribuir de forma mais estável para a previdência
Como comprovar a atuação como motorista ou entregador?
A comprovação poderá ser feita por meio de relatórios mensais fornecidos pelos próprios aplicativos, extratos de corridas ou entregas, notas fiscais emitidas pelo MEI ou comprovantes de rendimento depositados em contas bancárias. O governo também estuda firmar acordos com as plataformas para compartilhar dados anonimizados que ajudem a validar as informações declaradas.
O benefício substitui o salário?
Não. O benefício tem caráter complementar e não substitui os rendimentos obtidos com as corridas ou entregas. Ele serve para dar suporte nos momentos em que a renda for insuficiente ou inexistente, funcionando como uma espécie de colchão financeiro. O objetivo não é criar dependência, mas sim fortalecer a sustentabilidade da atividade de forma digna.
Quais plataformas estão incluídas?
A princípio, estão contempladas as principais plataformas de transporte e entrega em atuação no Brasil, como Uber, iFood, 99, Rappi, entre outras. A inclusão de novos aplicativos dependerá da adesão voluntária dessas empresas aos acordos firmados com o governo, respeitando a regulamentação vigente.
A medida faz parte de uma regulamentação maior?
Sim. O benefício é uma das ações de uma política pública mais ampla, que visa regulamentar o trabalho por aplicativo no país. Estão sendo discutidas outras medidas, como:
- Garantia de contribuição à previdência
- Seguro em caso de acidentes
- Regras sobre jornadas e remuneração mínima
- Criação de um conselho de trabalhadores de plataforma
Essa regulamentação é vista com bons olhos por sindicatos e associações da categoria, que pressionam há anos por reconhecimento e melhores condições.
O que pensam os motoristas e entregadores?
A reação inicial da categoria tem sido positiva, mas com ressalvas. Muitos profissionais se preocupam com a burocracia envolvida e temem que o valor do benefício não seja suficiente para fazer diferença. Outros destacam a importância de haver diálogo contínuo com os representantes da categoria para evitar distorções ou exclusões injustas.
O que dizem os especialistas?
Economistas e especialistas em políticas públicas destacam que o benefício é um passo importante rumo à formalização parcial do setor. No entanto, alertam que ele deve vir acompanhado de medidas estruturantes, como educação financeira, estímulo à previdência e linhas de crédito acessíveis.
A informalidade no Brasil é um problema crônico, e qualquer esforço que ajude a mitigar seus efeitos é bem-vindo. Contudo, é preciso cautela para que o benefício não se torne uma solução paliativa ou seja mal administrado.
Qual o custo para o governo?
O Ministério da Fazenda estima que o novo benefício terá um custo anual significativo, mas que poderá ser compensado com a formalização de trabalhadores e o consequente aumento da arrecadação tributária. O programa será financiado por meio de orçamento específico, com possibilidade de contribuições das próprias plataformas futuramente.
Conclusão
O novo benefício para motoristas e entregadores de aplicativos é uma iniciativa relevante e necessária. Ele não resolve todos os problemas da categoria, mas representa um avanço na direção certa. Ao reconhecer formalmente a importância desses profissionais e garantir um mínimo de segurança social, o governo dá um passo importante para a justiça trabalhista e inclusão produtiva.
Com regras claras, fiscalização eficiente e participação ativa dos trabalhadores, o benefício pode se tornar um modelo para outras categorias informais do país.