Em 2025, os idosos brasileiros passam a contar com mais respaldo legal para organizar suas finanças e sair do superendividamento. Com a regulamentação reforçada da chamada Lei do Superendividamento, que já estava em vigor desde 2021, o governo amplia as ferramentas de proteção à população acima de 60 anos que enfrenta dificuldades para pagar suas dÃvidas.
O foco da legislação é garantir que os compromissos financeiros não comprometam a subsistência da pessoa idosa, assegurando o direito a uma vida digna, mesmo diante de obrigações com instituições bancárias, prestadores de serviços e credores em geral. A seguir, veja o que muda com essa nova etapa da lei e como ela pode beneficiar diretamente os aposentados e pensionistas do paÃs.
Leia mais:
Nova lei dos feriados e trabalho aos domingos começa em julho: veja o que vai mudar!
O que é a Lei do Superendividamento
A Lei do Superendividamento é uma atualização do Código de Defesa do Consumidor que visa proteger indivÃduos que contraÃram dÃvidas além da capacidade de pagamento, especialmente os que tiveram sua renda comprometida por longos perÃodos.
A norma prevê a possibilidade de renegociação judicial e extrajudicial de todas as dÃvidas de consumo, estabelecendo um plano de pagamento que respeite a renda mÃnima necessária para a sobrevivência da pessoa endividada e de sua famÃlia.
Ela proÃbe práticas abusivas, como oferta indiscriminada de crédito a aposentados sem análise da capacidade de pagamento, além de exigir mais transparência e responsabilidade dos bancos na concessão de empréstimos.
Por que a lei é importante para os idosos
A maior parte dos brasileiros superendividados são pessoas com mais de 60 anos. Isso ocorre, em muitos casos, porque esses consumidores têm acesso facilitado ao crédito, principalmente o consignado, e acabam comprometendo grande parte da aposentadoria com parcelas de empréstimos sucessivos, sem margem para suprir necessidades básicas como alimentação, saúde e moradia.
O superendividamento entre os idosos tem crescido nos últimos anos, agravado por fatores como inflação de alimentos, aumento do custo dos medicamentos e redução do poder de compra da renda fixa. A nova etapa da lei busca justamente proteger esse grupo, criando meios legais para reestruturação das dÃvidas e resgate da dignidade financeira.
O que muda com a regulamentação de 2025
Com a regulamentação mais recente, o processo de renegociação de dÃvidas se tornou mais acessÃvel e menos burocrático. Os idosos superendividados agora têm garantido o direito de solicitar, por meio de Defensoria Pública ou diretamente no Procon, uma audiência de conciliação com todos os credores ao mesmo tempo, o que agiliza a solução e reduz os custos do processo.
Entre as principais novidades, destacam-se:
- Possibilidade de apresentar um plano de pagamento único envolvendo vários credores
- Suspensão da cobrança judicial das dÃvidas durante a renegociação
- Proibição de retenção de valores essenciais, como aposentadorias ou pensões
- Obrigação dos bancos de informar de forma clara os juros, encargos e consequências do contrato
- Fiscalização mais rÃgida sobre assédio comercial e publicidade voltada a idosos
Quais dÃvidas podem ser renegociadas
A lei permite a renegociação de praticamente todas as dÃvidas de consumo, desde que não estejam atreladas a garantias reais (como hipotecas) ou não sejam de natureza tributária. Entre as principais estão:
- Cartão de crédito
- Empréstimos pessoais (inclusive consignados)
- Financiamentos
- Cheque especial
- Contas de serviços essenciais (água, luz, telefone)
DÃvidas que envolvam bens com alienação fiduciária, como financiamento de carro ou imóvel, não entram nesse processo coletivo de renegociação, mas podem ser tratadas individualmente com apoio jurÃdico.
Como iniciar o processo de renegociação
O primeiro passo é listar todas as dÃvidas existentes, com valor total, nome do credor, data de vencimento, tipo de contrato e taxas de juros. Em seguida, o idoso pode procurar o Procon ou a Defensoria Pública da sua cidade, que auxiliam na elaboração de um pedido formal de conciliação com os credores.
Também é possÃvel buscar orientação em Núcleos de Atendimento ao Superendividado (NAS), disponÃveis em algumas capitais. Esses centros oferecem apoio psicológico, orientação financeira e suporte jurÃdico gratuito.
A pessoa deve apresentar documentos como:
- RG e CPF
- Comprovante de residência
- Comprovantes de renda (aposentadoria, pensão)
- Cópias dos contratos e boletos das dÃvidas
O que é considerado renda mÃnima de subsistência
Um dos princÃpios da lei é preservar o valor mÃnimo necessário para que a pessoa possa viver com dignidade. Esse valor é definido conforme o salário mÃnimo vigente e as despesas essenciais, como alimentação, remédios, moradia e transporte.
O cálculo varia conforme a composição familiar e pode ser ajustado por decisão judicial, mas o objetivo é impedir que o idoso fique sem condições básicas de sobrevivência apenas para pagar dÃvidas antigas.
Quais os benefÃcios da renegociação coletiva
A renegociação coletiva prevista pela nova lei oferece várias vantagens:
- Redução significativa de juros e multas
- Parcelamento mais longo das dÃvidas
- Fim do assédio de credores
- Proteção legal contra bloqueios de conta ou descontos abusivos
- Melhora no controle do orçamento familiar
Além disso, o processo permite que o consumidor reorganize sua vida financeira sem necessidade de recorrer a novos empréstimos ou empréstimos informais, que muitas vezes pioram ainda mais a situação.
O que fazer se os bancos recusarem a renegociação
Caso o banco ou credor se recuse a participar da negociação ou não aceite as condições apresentadas, a Defensoria Pública pode ajuizar uma ação para que o juiz determine a obrigatoriedade da conciliação. A decisão do juiz pode incluir medidas como suspensão da cobrança ou até reestruturação compulsória da dÃvida.
A lei também permite que o consumidor tenha prioridade em programas de educação financeira promovidos pelo Estado e acesso a canais públicos de renegociação, como mutirões de dÃvidas organizados por tribunais e entidades de defesa do consumidor.
Educação financeira para a terceira idade
Além da renegociação de dÃvidas, a nova etapa da Lei do Superendividamento prevê ações especÃficas de educação financeira voltadas à população idosa. O objetivo é prevenir que novas dÃvidas sejam contraÃdas de forma inconsciente e sem planejamento.
Programas municipais e estaduais estão sendo criados para levar informações sobre orçamento doméstico, uso do crédito, risco do endividamento e segurança contra fraudes. Esses projetos devem ser realizados em CRAS, centros de convivência e associações de aposentados.
Conclusão
A regulamentação da Lei do Superendividamento em 2025 é um marco na proteção do consumidor idoso no Brasil. Ao garantir meios acessÃveis para renegociar dÃvidas e preservar a renda mÃnima para subsistência, o Estado reconhece a vulnerabilidade dessa parcela da população e oferece caminhos concretos para sua reabilitação financeira.
Mais do que aliviar dÃvidas, a lei representa dignidade, autonomia e esperança para milhares de idosos que hoje vivem sob o peso da inadimplência. Informar-se e buscar ajuda são os primeiros passos para quem deseja retomar o controle da vida financeira.