A Max, plataforma de streaming da Warner Bros. Discovery, acaba de anunciar uma medida que já era esperada por muitos usuários: a cobrança pelo compartilhamento de senhas fora do domicílio principal do assinante. A novidade segue o modelo adotado anteriormente pela Netflix e, mais recentemente, pelo Disney+, indicando uma tendência de mercado que vem para ficar.
A cobrança começará nos Estados Unidos e afetará apenas os assinantes diretos da Max — ou seja, quem contratou o serviço de forma individual e não por pacotes agregados com outras plataformas. A empresa implementará uma taxa adicional de US$ 7,99 por mês (aproximadamente R$ 45,63 na cotação atual) para cada usuário extra fora da residência principal.
Leia mais:
Anvisa aprova novo medicamento que promete frear avanço do Alzheimer
Extra Member Add-On: como vai funcionar?
O recurso foi batizado de Extra Member Add-On e permitirá que o titular da conta adicione um “membro extra” com um acesso individual. Esse usuário poderá utilizar a plataforma com suas próprias credenciais, em um único dispositivo por vez. Ou seja:
- Não será necessário entrar com o login e senha do titular;
- O acesso será limitado a um dispositivo único;
- Haverá possibilidade de transferência de perfil;
- Todo o histórico de visualização e recomendações será preservado na migração.
CEO da Warner destaca flexibilidade
Segundo JB Perrette, CEO e presidente de streaming global da Warner Bros. Discovery, a novidade visa aumentar a flexibilidade da plataforma e oferecer mais controle aos assinantes:
“O recurso Membro Extra e a Transferência de Perfil são dois avanços importantes da Max, pensados para oferecer aos espectadores uma nova forma de aproveitar nosso conteúdo de classe mundial com um excelente custo-benefício”, destacou o executivo.
Comparação com outros streamings
A Max não está sozinha nessa decisão. A medida segue um caminho trilhado por gigantes do setor e reforça uma tendência clara: monetizar acessos múltiplos em contas compartilhadas.
Netflix: pioneira na cobrança por senha
A Netflix implementou sua cobrança por senhas extras em 2023, com taxa de R$ 12,90 por conta adicional no Brasil. Na época, a decisão causou polêmica, críticas nas redes sociais e até promessas de cancelamento em massa. No entanto, os números falaram mais alto.
Resultados da Netflix após a cobrança:
- Recorde de 301,6 milhões de assinantes em 2024;
- Lucro líquido de US$ 1,87 bilhão;
- Receita bem acima das expectativas.
Apesar da reação inicial negativa, os dados mostram que a estratégia se mostrou lucrativa e que boa parte dos usuários aceitou o novo modelo.
Disney+: reforço da política após fusão com Star+
Outro exemplo é o Disney+, que intensificou o controle de senhas após absorver o Star+. A plataforma passou a restringir o uso de contas para pessoas que não moram na mesma residência, aplicando também mecanismos de verificação e bloqueio por IP.
Vai chegar ao Brasil? Ainda não há confirmação
Por enquanto, a nova cobrança da Max será aplicada apenas nos EUA. Não há informações oficiais sobre quando (ou se) a medida será implementada no Brasil ou em outros países da América Latina.
Contudo, o histórico do setor indica que essas mudanças costumam ser testadas em mercados maiores antes de serem replicadas globalmente. Ou seja, a cobrança pode sim chegar ao Brasil em breve, especialmente se os testes iniciais renderem bons resultados financeiros.
Há risco de aumento no preço dos planos?
Além da taxa pelo membro extra, a Max não descarta o reajuste dos preços já existentes. Durante a divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024, o CFO Gunnar Wiedenfels afirmou que a “natureza premium” do serviço justifica uma margem de reajuste futura.
Portanto, assinar a Max pode ficar mais caro de forma geral, independentemente da cobrança extra por compartilhamento de senha.
Reações do público e impactos esperados
Nas redes sociais, as primeiras reações dos usuários foram de surpresa e frustração, sobretudo entre aqueles que já utilizavam a mesma conta com familiares ou amigos fora da residência. Frases como “lá vem mais um streaming cobrando até pensamento” e “adeus Max, foi bom enquanto durou” viralizaram no X (antigo Twitter).
Por outro lado, especialistas do setor apontam que a mudança é um passo inevitável diante da estagnação de receitas por assinatura e do crescimento da pirataria. Segundo analistas, o modelo de compartilhamento gratuito tornou-se insustentável para as grandes plataformas.
Alternativas para quem não quiser pagar mais
Para os usuários que não desejam arcar com a nova taxa, restam algumas alternativas:
1. Consolidar o uso da conta em uma única residência
Utilizar a conta da Max apenas dentro da casa principal, respeitando os termos de uso.
2. Assinar planos familiares ou pacotes combinados
Buscar opções mais econômicas em pacotes oferecidos por operadoras ou combos com outras plataformas (como a Claro TV+ ou Prime Video Channels).
3. Migrar para outros streamings mais baratos
Comparar os preços de outras plataformas que ainda não adotaram esse tipo de cobrança, como Apple TV+ ou Globoplay, que atualmente não cobram pelo compartilhamento.
Tendência de mercado: fim do compartilhamento gratuito?
A movimentação da Max reforça uma realidade cada vez mais clara no universo do streaming: o compartilhamento gratuito está com os dias contados. A maioria das plataformas está adotando políticas mais rígidas para evitar perdas com acessos múltiplos em domicílios distintos.
Essa mudança pode transformar o comportamento dos consumidores e até aumentar o número de cancelamentos e migrações entre plataformas, à medida que os preços se tornam menos atrativos.
Conclusão
A decisão da Max de cobrar pelo compartilhamento de senha pode até desagradar em um primeiro momento, mas está alinhada com uma tendência de mercado que já mostrou ser lucrativa para concorrentes como a Netflix. O recurso de membro extra e a transferência de perfil são formas de minimizar o impacto negativo, oferecendo opções para quem quer manter a conta compartilhada com mais comodidade.
Ainda sem previsão para o Brasil, a cobrança pode chegar nos próximos meses caso os testes nos EUA sejam bem-sucedidos. Fica o alerta para os assinantes brasileiros: quem divide conta, pode começar a se preparar para mudanças em breve.
Imagem: Top_CNX / shutterstock.com