O Governo Federal anunciou uma proposta de reforma do Imposto de Renda (IR) que promete causar grandes mudanças na tributação no Brasil. A principal medida da reforma é a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Embora essa proposta tenha gerado entusiasmo entre trabalhadores de menor renda, é importante entender como ela afetará outras faixas de rendimento e quais são os impactos para o sistema tributário como um todo.
A proposta, que tem previsão para entrar em vigor em janeiro de 2026, visa aliviar a carga tributária sobre as camadas mais baixas da população, ao mesmo tempo em que busca tornar o sistema de impostos mais progressivo. Contudo, a medida não está isenta de controvérsias, principalmente no que se refere aos contribuintes de alta renda, que devem enfrentar novas alÃquotas mais elevadas.
Neste artigo, vamos explicar detalhadamente como a isenção no IR até R$ 5 mil funcionará, quais faixas de renda serão afetadas e o impacto dessa medida sobre a economia e os contribuintes.
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A proposta de isenção no imposto de renda
O projeto do governo prevê que trabalhadores com rendimentos mensais de até R$ 5 mil não precisem pagar Imposto de Renda. Essa medida visa aliviar a carga tributária sobre os brasileiros que mais precisam, ajudando a melhorar o poder de compra das classes mais baixas. De acordo com a proposta, a isenção será aplicada a partir de janeiro de 2026, caso o projeto seja aprovado no Congresso Nacional.
Quem será beneficiado pela isenção?
A isenção do IR será destinada a quem recebe até R$ 5 mil mensais. Esse limite foi definido para contemplar uma boa parte da classe trabalhadora, especialmente as pessoas que se encontram na faixa de rendimentos mais baixos.
Segundo o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o objetivo da medida é proporcionar um alÃvio fiscal para os brasileiros que enfrentam dificuldades econômicas, além de aumentar a justiça fiscal no paÃs. Para uma grande parcela da população, essa isenção representará uma economia considerável, uma vez que, no modelo atual, quem recebe até R$ 2.112,04 já paga IR, com uma alÃquota mÃnima de 7,5%.
O impacto da medida no orçamento do governo
A isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil tem um custo estimado de R$ 35 bilhões anuais, de acordo com cálculos preliminares da Receita Federal. Contudo, economistas do setor privado projetam que o impacto real dessa medida pode variar entre R$ 45 bilhões e R$ 80 bilhões, o que representa uma perda significativa na arrecadação federal.
Para compensar essa perda de arrecadação, o governo estuda alternativas, como o ajuste no tratamento dos dividendos pagos a altas rendas e a implementação de um mecanismo similar ao desconto simplificado de 2023, que ampliou a isenção para quem ganha até dois salários mÃnimos.
Mudanças nas faixas de tributação para as rendas mais altas
Além da isenção para os mais pobres, a reforma também traz uma série de mudanças para os contribuintes de alta renda. Os brasileiros com rendimentos mensais superiores a R$ 50 mil terão sua tributação alterada, com o aumento das alÃquotas de impostos.
Nova tributação para rendas acima de R$ 50 mil
A proposta de reforma sugere que pessoas com rendimentos superiores a R$ 50 mil por mês enfrentem alÃquotas adicionais. Essa mudança visa tornar o sistema tributário mais progressivo, em que os mais ricos contribuem proporcionalmente mais para o financiamento das polÃticas públicas. A alÃquota adicional para rendimentos superiores a R$ 100 mil mensais pode chegar a até 10%.
Essas alterações devem impactar diretamente uma pequena parcela da população, mas representam uma tentativa do governo de tornar o sistema tributário mais justo e equilibrado.
Dividendos na base de cálculo
Os dividendos pagos para os contribuintes de alta renda também passam a ser incluÃdos na base de cálculo dos rendimentos globais. Isso significa que, embora a maioria dos dividendos continue isenta de impostos, aqueles que ultrapassam o teto de R$ 50 mil mensais terão seus dividendos tributados.
Essa mudança pode reduzir a média de imposto pago por grandes rendas, promovendo uma distribuição mais justa do ônus tributário. No entanto, a inclusão dos dividendos na base de cálculo também gera controvérsias, pois alguns setores consideram que isso pode desestimular os investimentos no mercado de ações.
A “escadinha” de alÃquotas: o que muda para as faixas intermediárias?
Uma das principais novidades da reforma é a introdução da chamada “escadinha” de alÃquotas, que visa diminuir o impacto fiscal para contribuintes que se encontram em faixas intermediárias de renda. De acordo com a proposta, as faixas de rendimento seriam divididas da seguinte forma:
- Isenção total para rendas até R$ 5 mil.
- AlÃquota reduzida para rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7 mil.
- AlÃquota cheia de 27,5% para rendimentos superiores a R$ 7 mil.
Essa estrutura busca garantir que pessoas com rendimentos entre R$ 5 mil e R$ 7 mil mensais não sejam penalizadas de forma excessiva, mantendo uma tributação mais proporcional aos seus ganhos. Essa medida também visa melhorar a progressividade do sistema tributário, permitindo que as alÃquotas aumentem de forma gradual conforme a renda cresce.
Impactos sociais e econômicos da reforma
A proposta de isenção no IR até R$ 5 mil tem o potencial de gerar um grande impacto social, especialmente entre as camadas mais baixas da população. A redução da carga tributária sobre os trabalhadores de menor renda pode melhorar a qualidade de vida de milhões de brasileiros e estimular o consumo, o que, por sua vez, pode ajudar a aquecer a economia.
Além disso, ao promover a progressividade no sistema tributário, a reforma pode contribuir para uma maior justiça fiscal, em que os contribuintes de alta renda paguem uma fatia maior de impostos.
Riscos e desafios
Embora a reforma traga benefÃcios para as faixas de renda mais baixas, há desafios a serem enfrentados. O custo elevado da isenção e a necessidade de compensar a perda de arrecadação representam um grande desafio para o governo. Além disso, a inclusão dos dividendos na base de cálculo pode gerar resistência por parte de investidores e empresários, que podem enxergar essa medida como um desincentivo ao investimento.
Conclusões
A proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais tem o potencial de beneficiar milhões de brasileiros, especialmente os de baixa renda, proporcionando um alÃvio fiscal significativo. No entanto, a reforma também traz mudanças que afetam os contribuintes de alta renda, com o aumento das alÃquotas e a inclusão dos dividendos na base de cálculo.
A medida tem um custo considerável para o governo, e os desafios em termos de compensação da arrecadação serão um ponto crucial para o sucesso da reforma. Para os contribuintes de renda intermediária, a “escadinha” de alÃquotas promete um alÃvio, mas também poderá representar um aumento gradual nos impostos conforme os rendimentos crescem.
Essa reforma tem o potencial de transformar o sistema tributário do Brasil, tornando-o mais justo e progressivo, mas a sua implementação exigirá um debate amplo e uma gestão cuidadosa dos impactos econômicos e sociais.