As mudanças no Imposto de Renda para o ano de 2024 incluem uma importante revisão nas regras de isenção destinadas a portadores de doenças graves.
Anunciada como parte do pacote de ajuste fiscal, a nova regra limita a isenção para contribuintes com rendimentos mensais de até R$ 20 mil. Entenda como essa medida impactará os brasileiros e quem será afetado.
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Mudanças na isenção por doenças graves
A isenção de Imposto de Renda sempre foi uma medida importante para pessoas diagnosticadas com doenças graves, ajudando a aliviar os custos financeiros associados ao tratamento. Entretanto, com o novo ajuste fiscal, essa isenção não será mais automática para todos os portadores dessas condições.
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a isenção será limitada a contribuintes com rendimentos mensais de até R$ 20 mil. Ou seja, pacientes que ultrapassarem esse teto de renda estarão sujeitos à tributação mesmo se enfrentarem doenças graves como câncer, AIDS ou cardiopatias severas.
Quais doenças perdem o direito à isenção para rendas acima de R$ 20 mil?
A lista de doenças graves que garantiam isenção do IR permanece a mesma. No entanto, a nova regra impõe restrições baseadas no valor da renda mensal. Confira as condições abrangidas:
- Moléstia profissional;
- Tuberculose ativa;
- Alienação mental;
- Esclerose múltipla;
- Neoplasia maligna (câncer);
- Cegueira;
- Hanseníase;
- Paralisia irreversível e incapacitante;
- Cardiopatia grave;
- Doença de Parkinson;
- Espondiloartrose anquilosante;
- Nefropatia grave;
- Hepatopatia grave;
- Estados avançados da doença de Paget;
- Contaminação por radiação;
- Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).
Apesar de muitas dessas condições demandarem cuidados médicos constantes e caros, apenas os contribuintes com rendimentos abaixo do novo limite continuarão isentos.
Justificativa do governo para a mudança
O governo argumenta que a alteração busca reduzir distorções no sistema tributário, priorizando a justiça fiscal. Ao restringir a isenção a pessoas com rendas mais altas, o objetivo é aliviar a carga para os contribuintes de menor poder aquisitivo. Além disso, a medida está alinhada com outros ajustes no pacote fiscal, como:
- Isenção do IR para rendas anuais de até R$ 5 mil: medida voltada a contribuintes de baixa renda;
- Aumento da tributação para rendimentos acima de R$ 50 mil mensais: estratégia para equilibrar as finanças públicas e redistribuir recursos.
Essas mudanças visam aumentar a arrecadação e financiar áreas como saúde e educação, mas geram críticas sobre o impacto na acessibilidade dos tratamentos médicos para pacientes de renda mais alta.
Impactos para pacientes com rendimentos elevados
A nova regra atinge diretamente pacientes que possuem rendas acima de R$ 20 mil, mesmo que enfrentem doenças graves e tenham altos custos com tratamentos. A exclusão desse grupo da isenção aumenta a carga tributária para indivíduos que já lidam com desafios significativos de saúde.
Especialistas apontam que o critério financeiro pode não refletir as reais necessidades de cada contribuinte. Afinal, despesas com medicamentos, consultas e terapias podem consumir grande parte da renda, especialmente em condições crônicas ou terminais.
O que não mudou no Imposto de Renda 2024?
Embora a isenção para doenças graves tenha sido revisada, outros benefícios relacionados à saúde permanecem inalterados, como:
- Dedução de despesas médicas: contribuintes podem continuar deduzindo gastos com consultas, exames, internações, psicoterapia, fonoaudiologia e planos de saúde da base de cálculo do IR.
- Isenção para rendas de até R$ 5 mil anuais: medida para beneficiar pessoas de baixa renda.
Essas deduções são aplicáveis independentemente da faixa de renda, garantindo que os custos de saúde não sejam integralmente penalizados pelo sistema tributário.
Polêmica sobre a justiça fiscal
As mudanças no Imposto de Renda para portadores de doenças graves reacendem o debate sobre a equidade do sistema tributário brasileiro. Embora o governo justifique a medida como uma forma de corrigir distorções, muitos questionam se é justo vincular a isenção a um limite de renda, especialmente quando se trata de saúde.
Prós da mudança:
- Aumenta a arrecadação entre contribuintes com maior capacidade de contribuição;
- Reduz as desigualdades no sistema tributário;
- Direciona recursos para políticas públicas em áreas prioritárias.
Contras da mudança:
- Penaliza pacientes que já enfrentam altos custos com tratamentos;
- Desconsidera a variabilidade dos gastos médicos, que podem ser desproporcionais à renda;
- Aumenta a vulnerabilidade de famílias que dependem do benefício para arcar com despesas de saúde.
Futuro das isenções fiscais no Brasil
O ajuste fiscal de 2024 é apenas uma etapa de um debate mais amplo sobre a reformulação do sistema tributário brasileiro. Especialistas destacam a necessidade de medidas mais personalizadas, que levem em conta tanto a capacidade financeira quanto as necessidades individuais dos contribuintes. Propostas alternativas incluem:
- Revisão do teto de isenção para considerar custos médicos e regionais;
- Ampliação das deduções de despesas de saúde para contemplar tratamentos específicos;
- Maior fiscalização para evitar fraudes nas declarações de IR.
Considerações finais
As novas regras para isenção de Imposto de Renda em 2024 impactam diretamente a vida de milhares de brasileiros com doenças graves. A limitação baseada em rendimentos superiores a R$ 20 mil mensais visa corrigir distorções, mas levanta preocupações sobre a equidade da medida.
Se por um lado a mudança promove maior justiça fiscal, por outro, desafia pacientes que dependem de alívio tributário para lidar com custos elevados de saúde. O debate sobre como equilibrar justiça social e eficiência arrecadatória continuará a moldar as futuras políticas tributárias no Brasil.
Imagem: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil