Em uma tentativa de combater a inflação dos alimentos, o governo brasileiro anunciou uma série de medidas econômicas que prometem impactar tanto os consumidores quanto as empresas da B3. As ações, focadas na redução da carga tributária sobre alguns produtos alimentÃcios, incluem isenção de impostos e o aumento das cotas de importação para itens essenciais.
Embora o objetivo seja proporcionar alÃvio para o bolso dos brasileiros, os efeitos dessas medidas nas grandes empresas de alimentos e varejo da bolsa de valores são objeto de intensas análises.
A seguir, vamos explorar como essas ações podem influenciar empresas como o Grupo Mateus, AssaÃ, Carrefour, e Natura, além de outros players do mercado de alimentos e cosméticos.
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O pacote de medidas do governo para combater a inflação alimentar
Na noite da última quinta-feira (6), o governo brasileiro divulgou as medidas que visam reduzir a inflação alimentar, especialmente em relação aos itens da cesta básica. Entre as ações anunciadas estão a isenção de impostos de importação sobre produtos como café, açúcar, e carnes, além do aumento na cota de importação isenta para o óleo de palma.
O governo também pretende aumentar os estoques regulatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e incentivar os supermercados a divulgarem os melhores preços, tudo isso com o intuito de estabilizar os preços.
Outro ponto de relevância é a negociação com os Estados brasileiros sobre a isenção do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para alguns produtos alimentÃcios, o que atualmente varia conforme a localidade. No entanto, a isenção ainda está pendente de negociações e não deve ser implementada de imediato.
O impacto nos varejistas e grandes empresas da B3
Varejo alimentar: Expectativa de impacto limitado
O mercado de varejo, especialmente as grandes redes como o Grupo Mateus (GMAT3), Assaà (ASAI3), Carrefour Brasil (CRFB3) e GPA (PCAR3), pode sentir algum alÃvio com essas novas medidas. Contudo, de acordo com analistas da XP Investimentos, o impacto real sobre as vendas e margens de lucro desses varejistas deve ser limitado.
As alterações nos preços dos alimentos, embora positivas para os consumidores, já estavam sendo esperadas devido à sazonalidade das safras e à abundância de alguns produtos no mercado.
O aumento das importações isentas de tributos, como no caso do óleo de palma, é visto como uma das medidas que mais pode beneficiar esses varejistas. Entretanto, para os analistas da XP, os efeitos sobre os volumes de vendas podem ser compensados, já que um preço mais baixo pode estimular a demanda, mas ao mesmo tempo pressionar as vendas nas mesmas lojas (SSS). Ou seja, embora os volumes de vendas possam melhorar, o valor gerado por cada transação pode ser reduzido.
Setor de cosméticos: A Natura e os efeitos do óleo de palma
Entre as empresas que podem ser favorecidas pela redução nos custos de importação de certos produtos, destaca-se a Natura (NTCO3). O óleo de palma, um ingrediente chave na fabricação de cosméticos, está entre os itens mais beneficiados pelas novas medidas.
Embora o impacto direto sobre os custos de produção da Natura seja pequeno, a redução nos custos do óleo pode representar uma vantagem competitiva no mercado.
As analistas da XP Investimentos ressaltam que, embora o óleo de palma represente uma pequena porcentagem dos custos da empresa, a economia gerada com a medida pode ajudar a melhorar suas margens, especialmente em um mercado global competitivo. Empresas como M. Dias Branco (MDIA3) e Camil (CAML3), que também utilizam óleo de palma em suas produções, podem sentir um impacto positivo semelhante.
Setor agropecuário: Efeitos no milho e carne bovina
Além do óleo de palma, as medidas do governo também envolvem a remoção de tarifas de importação sobre produtos agrÃcolas como milho, carne bovina e óleo de girassol. Embora o Brasil seja autossuficiente na maior parte desses itens, a redução de tarifas deve ter um impacto marginal sobre os preços domésticos.
O Goldman Sachs observa que a diminuição das tarifas sobre o milho pode reduzir seus preços em cerca de 1,3%, o que seria positivo para empresas como a BRF (BRFS3), que tem uma grande exposição ao milho. Todavia, a carne bovina, apesar da redução nas tarifas, não deve ver um impacto significativo nos preços devido à escassez global e à alta demanda.
O efeito da isenção de ICMS sobre a cesta básica
A isenção do ICMS sobre itens da cesta básica é uma das medidas mais aguardadas, mas que ainda precisa de negociações entre o governo federal e os Estados. Se implementada, essa isenção pode afetar diretamente o setor varejista, embora os analistas da XP vejam um efeito neutro sobre o lucro bruto das empresas.
A expectativa é que, se os volumes de vendas não aumentarem substancialmente, a isenção de ICMS pode reduzir a receita bruta das empresas, mas com uma compensação nas deduções fiscais.
Apesar disso, a decisão final sobre a isenção do ICMS em cada estado ainda está pendente, e o impacto no mercado de alimentos pode variar conforme a localidade.
O futuro: Expectativas para o mercado e empresas da B3
Apesar das medidas que visam combater a inflação alimentar, os analistas da XP Investimentos não esperam uma mudança significativa no poder de compra dos consumidores. Embora as ações do governo possam levar a uma redução nos preços de alguns produtos, o impacto sobre a inflação como um todo será limitado.
No curto prazo, o mercado não deve experienciar uma recuperação substancial nos volumes de vendas, e as empresas da B3 devem continuar lidando com um ambiente de inflação relativamente alta, com margens de lucro comprimidas.
Ainda assim, empresas como a Natura e o Grupo Mateus podem ver alguns benefÃcios nas novas polÃticas, principalmente relacionadas à importação de óleo de palma e à isenção de tarifas de produtos agrÃcolas. Contudo, os desafios econômicos ainda persistem, e o mercado de alimentos e varejo continuará a passar por ajustes enquanto o governo tenta controlar a inflação.
Com informações de: InfoMoney