Nos últimos meses, o Google tem implementado mudanças polêmicas no Google Calendar, removendo uma série de datas comemorativas associadas a movimentos sociais e identidades culturais.
Feriados importantes, como o Mês da História Negra, o Mês do Orgulho LGBTQIA+, o Dia da Memória do Holocausto e o Mês dos Povos Indígenas, deixaram de ser exibidos automaticamente para os usuários.
A decisão causou um impacto significativo, gerando reações adversas e levantando questões sobre a postura da gigante tecnológica em relação à diversidade e inclusão. Com essa mudança, o Google anunciou que voltará a exibir apenas os feriados nacionais, deixando a cargo dos usuários a inclusão de outras celebrações.
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A justificativa oficial do Google

A empresa justificou as alterações com base em “dificuldades logísticas” para manter as datas comemorativas de maneira manual.
Segundo o Google, o processo de inclusão e atualização dessas datas se tornou complicado e oneroso, levando à decisão de simplificar o calendário. A proposta é focar exclusivamente nos feriados nacionais e permitir que os usuários adicionem outras datas conforme sua preferência.
No entanto, essa explicação não foi bem recebida por todos. Muitas pessoas questionaram o real motivo da exclusão dessas datas culturais e sociais, especialmente considerando o impacto dessas celebrações na valorização da diversidade.
Para muitos, a medida parece estar alinhada com uma postura mais conservadora da empresa, que nos últimos tempos tem feito ajustes significativos em suas políticas internas.
Repercussões nas redes sociais: críticas e desconfiança
A mudança foi recebida com forte resistência nas redes sociais, onde os usuários expressaram seu desapontamento com a decisão do Google. Muitos apontaram que essa alteração poderia ser vista como uma diminuição do compromisso da empresa com a diversidade, algo que sempre foi associado à imagem do Google, especialmente nas últimas décadas.
A remoção de datas relacionadas a grupos historicamente marginalizados, como as comunidades LGBTQIA+ e indígena, gerou uma onda de críticas, com internautas questionando o verdadeiro motivo por trás da decisão.
Em resposta à reação negativa, o Google afirmou que os usuários ainda poderiam adicionar manualmente as datas removidas, mas isso não foi suficiente para apagar a sensação de que a empresa estava retrocedendo em relação a suas políticas de inclusão. Especialistas em diversidade apontaram que a medida parecia ir contra os esforços globais de promover igualdade e visibilidade para esses grupos.
O contexto político: mudanças mais amplas em grandes empresas
Além da reação pública sobre o calendário, essa mudança também foi analisada no contexto de outras decisões recentes tomadas pelo Google e outras grandes empresas de tecnologia, como a Meta. No mês passado, o Google rapidamente aceitou a decisão do governo Trump de renomear o Golfo do México para “Golfo da América”, algo que foi amplamente criticado por especialistas em geopolítica e direitos civis.
A Meta, por sua vez, desmantelou parte de suas políticas de diversidade e flexibilizou suas regras sobre discurso de ódio, alinhando-se com uma tendência mais ampla de reavaliar e, em alguns casos, enfraquecer as iniciativas de inclusão.
Essa mudança de postura, tanto no Google quanto na Meta, gerou uma análise mais profunda sobre as direções políticas dessas empresas. Alguns críticos veem essas ações como parte de uma onda de retrocesso nas políticas corporativas, com um foco crescente em medidas que buscam minimizar o impacto de questões sociais e culturais, e uma diminuição do compromisso com a equidade.
O impacto cultural: a importância das datas comemorativas
Datas comemorativas ligadas a movimentos sociais e identidades culturais desempenham um papel crucial na promoção da inclusão e no reconhecimento das lutas históricas de grupos marginalizados. O Mês da História Negra, por exemplo, é uma oportunidade para educar sobre a contribuição dos negros à sociedade e para refletir sobre as desigualdades persistentes.
O Mês do Orgulho LGBTQIA+ celebra a diversidade sexual e de gênero, enquanto o Dia da Memória do Holocausto busca manter viva a memória das atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. Já o Mês dos Povos Indígenas destaca as questões enfrentadas pelas populações indígenas, como a luta pela terra e o reconhecimento de suas culturas.
Essas datas são mais do que simples comemorações; elas são momentos essenciais para a reflexão e conscientização. A retirada dessas datas do Google Calendar, portanto, não se trata apenas de uma mudança operacional, mas de uma decisão que pode ser vista como um retrocesso na luta pela visibilidade e pelos direitos dessas comunidades.
Reação de especialistas em diversidade e inclusão
Especialistas em diversidade e inclusão se mostraram particularmente preocupados com a decisão do Google. A saber, as grandes empresas de tecnologia têm uma responsabilidade enorme na promoção da inclusão e na representatividade de diversos grupos. Assim, ao remover essas datas, o Google está dando um passo atrás em um momento em que a sociedade exige mais engajamento com as questões sociais.
Muitos acreditam que essa mudança pode ser um reflexo de uma mudança mais ampla na abordagem da tecnologia e das grandes empresas em relação a políticas progressistas, com um foco maior na neutralidade e no afastamento de questões que envolvem ativismo social.
O futuro do Google Calendar: o que esperar?

Com a eliminação dessas datas do calendário oficial do Google, a empresa deixou claro que a gestão de datas culturais e sociais será responsabilidade dos usuários. Isso pode ser interpretado como uma forma de descentralizar o poder de decisão sobre o que é importante para diferentes comunidades.
No entanto, essa descentralização pode não ser suficiente para muitos, que consideram a presença dessas datas no Google Calendar uma forma de o próprio Google se posicionar a favor da diversidade.
Em um cenário onde grandes empresas de tecnologia estão cada vez mais sendo cobradas por suas práticas de diversidade e inclusão, o futuro do Google Calendar poderá ser um indicativo do caminho que a empresa seguirá. Será que o Google irá repensar sua decisão à medida que as críticas aumentam, ou o movimento refletirá uma tendência mais ampla de retirada de apoio a políticas inclusivas?










