As fraudes bancárias continuam a evoluir no Brasil, e em 2024, o golpe do WhatsApp liderou o ranking de crimes mais denunciados por clientes. Segundo dados compilados por instituições de defesa do consumidor e relatórios de bancos, esse tipo de golpe cresceu de forma alarmante no último ano, ultrapassando inclusive tentativas mais tradicionais, como clonagem de cartão e phishing por e-mail.
O uso do aplicativo de mensagens como meio para aplicar golpes é facilitado pela popularidade da plataforma, que está presente em mais de 96% dos smartphones do paÃs. Criminosos utilizam engenharia social, manipulação emocional e técnicas de persuasão para enganar vÃtimas e acessar suas informações bancárias ou convencê-las a fazer transferências.
Neste artigo, vamos entender como funciona o golpe do WhatsApp, por que ele se tornou tão popular entre os criminosos, quem são as principais vÃtimas e como se proteger de forma efetiva.
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O que é o golpe do WhatsApp
O golpe do WhatsApp é uma fraude digital que envolve a utilização da plataforma para enganar pessoas e obter acesso a dados sensÃveis, realizar transferências bancárias ou se passar por terceiros em conversas simuladas. Existem diversas variantes do golpe, mas todas têm em comum o uso da confiança como isca.
Como o golpe funciona na prática
O modus operandi varia, mas os tipos mais comuns incluem:
Golpe do código de verificação
O criminoso entra em contato com a vÃtima fingindo ser de uma empresa, serviço de suporte técnico ou até mesmo uma instituição de caridade. Durante a conversa, induz o envio de um código de verificação que chega por SMS. Esse código, na verdade, permite ao golpista registrar a conta da vÃtima em outro dispositivo, tomando controle do WhatsApp dela.
Golpe do falso parente ou amigo
Aqui, o fraudador usa uma conta clonada ou um novo número com foto e nome de algum contato da vÃtima. Envia mensagens dizendo que trocou de número e pede ajuda financeira urgente, normalmente via PIX. A vÃtima, acreditando estar falando com um parente próximo, transfere o valor.
Golpe da falsa cobrança
Outra estratégia é o envio de mensagens com boletos falsos, cobranças bancárias simuladas ou links para falsas atualizações de aplicativos. O objetivo é infectar o celular com malwares que capturam informações bancárias e senhas.
Por que esse tipo de golpe é tão eficaz
O sucesso do golpe do WhatsApp está ligado a três fatores principais:
1. Confiança entre contatos
A maioria dos golpes se aproveita da confiança natural que temos por amigos, familiares e colegas de trabalho. Quando o criminoso usa o nome e a foto de alguém próximo, a vÃtima tende a baixar a guarda.
2. Rapidez das transações
A existência de transferências instantâneas como o PIX tornou os golpes mais lucrativos. O dinheiro cai na conta do golpista em segundos e, muitas vezes, já é sacado ou redirecionado antes que a vÃtima perceba o erro.
3. Dificuldade de rastreamento
Mesmo quando denunciados, os criminosos utilizam contas bancárias de laranjas, chips descartáveis e redes privadas de conexão que dificultam a localização pela polÃcia. Em muitos casos, a recuperação do valor se torna impossÃvel.
Quem são as principais vÃtimas
Embora qualquer pessoa possa ser vÃtima de fraudes via WhatsApp, há perfis mais vulneráveis a esse tipo de ataque:
- Idosos com menos familiaridade com tecnologia
- Usuários que compartilham muitas informações nas redes sociais
- Pessoas que utilizam o WhatsApp como principal canal de comunicação profissional
- Trabalhadores autônomos e pequenos empreendedores que atendem clientes pelo aplicativo
Em muitos casos, as vÃtimas são escolhidas a partir de dados vazados em outras plataformas, o que torna o golpe ainda mais personalizado e difÃcil de identificar.
Como se proteger do golpe do WhatsApp
A prevenção ainda é a melhor forma de evitar cair em fraudes digitais. A seguir, reunimos dicas práticas que ajudam a reforçar a segurança no aplicativo e a dificultar a ação dos criminosos.
1. Ativar a verificação em duas etapas
Esse recurso adiciona uma camada extra de proteção. Com ele, mesmo que alguém tente acessar sua conta com o código SMS, ainda será necessário informar uma senha de seis dÃgitos previamente criada.
2. Nunca compartilhar códigos recebidos por SMS
Empresas legÃtimas não pedem códigos de verificação via WhatsApp ou telefone. Caso receba uma solicitação desse tipo, desconfie imediatamente.
3. Verificar a identidade antes de transferir dinheiro
Se alguém entrar em contato pedindo dinheiro, mesmo que pareça ser um parente ou amigo, ligue ou mande uma mensagem de voz para confirmar. Criminosos evitam chamadas porque não conseguem imitar a voz da pessoa real.
4. Limitar a exibição de dados pessoais
Evite deixar informações como foto de perfil, status e número de telefone acessÃveis a todos. No menu de privacidade do aplicativo, você pode definir quem vê o quê.
5. Não clicar em links suspeitos
Links encurtados, mensagens genéricas com promoções ou pedidos urgentes devem ser evitados. Sempre verifique a procedência da mensagem antes de clicar.
O que fazer se for vÃtima
Em caso de golpe, as medidas a serem tomadas imediatamente incluem:
- Notificar o banco para tentar bloquear transferências e rastrear contas envolvidas
- Registrar um boletim de ocorrência na delegacia (preferencialmente especializada em crimes digitais)
- Informar os contatos sobre o golpe, caso sua conta tenha sido clonada
- Reportar o número usado pelo golpista ao WhatsApp e bloquear o contato
- Registrar a ocorrência também no portal de denúncias de crimes cibernéticos da PolÃcia Civil
Embora a recuperação dos valores não seja garantida, o registro ajuda nas investigações e na criação de estatÃsticas para polÃticas públicas de segurança digital.
Crescimento dos golpes digitais no Brasil
Segundo levantamentos do setor bancário, o número de golpes digitais mais que dobrou entre 2022 e 2024. O golpe do WhatsApp foi responsável por mais de 30% das fraudes relatadas aos bancos e serviços de atendimento ao consumidor. Os prejuÃzos estimados passam da casa dos R$ 2 bilhões em perdas diretas, sem contar danos psicológicos e emocionais à s vÃtimas.
Com a digitalização acelerada dos serviços bancários e a popularização de transações por aplicativos, os criminosos migraram das fraudes fÃsicas para os meios digitais, utilizando tecnologia e redes organizadas para praticar seus crimes.
Medidas adotadas pelas instituições financeiras
Diante do avanço das fraudes, bancos e fintechs passaram a reforçar os sistemas de detecção automática de comportamentos atÃpicos. Além disso, passaram a notificar os clientes sobre movimentações suspeitas e a oferecer recursos de bloqueio instantâneo.
O uso da biometria facial, a autenticação por múltiplos fatores e as notificações por aplicativo são algumas das medidas implementadas para dificultar a ação de fraudadores.
Ações do governo e das autoridades
O crescimento dos golpes também chamou a atenção do setor público. Órgãos como a Secretaria Nacional do Consumidor, o Banco Central e a PolÃcia Federal vêm atuando para mapear as quadrilhas e aumentar a segurança digital da população.
Campanhas de conscientização têm sido promovidas em escolas, emissoras de rádio, redes sociais e em parcerias com prefeituras e estados. O foco é informar a população sobre os riscos e as boas práticas de segurança.
Educação digital como principal defesa
Embora avanços tecnológicos e ações policiais sejam importantes, especialistas concordam que a melhor defesa contra golpes é a educação digital. Ensinar desde cedo o uso seguro das redes, o cuidado com dados pessoais e o ceticismo diante de mensagens suspeitas são formas eficazes de prevenir perdas.
A orientação familiar e o apoio das instituições de ensino e trabalho são fundamentais para promover uma cultura de segurança na era digital.
Conclusão
O golpe do WhatsApp liderar o ranking de fraudes bancárias em 2024 revela não apenas o avanço da criminalidade digital, mas também a vulnerabilidade das pessoas diante de ataques de engenharia social. Com o aumento das transações eletrônicas, é essencial que o usuário esteja cada vez mais atento e informado.
Medidas simples como verificar a identidade de quem entra em contato, proteger o acesso ao aplicativo e evitar compartilhar informações sensÃveis fazem toda a diferença. A conscientização da população, aliada a avanços tecnológicos e ações firmes das autoridades, pode transformar o ambiente digital em um espaço mais seguro e confiável para todos.