A imunização da população brasileira sempre foi uma das prioridades das autoridades de saúde, especialmente em tempos de grandes desafios, como os vividos durante a pandemia de COVID-19. Nos últimos meses, o Governo Federal tem feito um trabalho minucioso para garantir que todas as vacinas necessárias cheguem a todos os estados e municípios, abastecendo os estoques e protegendo os cidadãos contra diversas doenças.
Entre 2023 e 2024, mais de 643 milhões de doses de vacinas foram distribuídas pelo País, reforçando o compromisso com a saúde pública e com a proteção da população. Vamos entender melhor como esse processo é feito e quais as implicações dessa logística complexa para a saúde do Brasil.
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A logística do Programa Nacional de Imunizações
Como funciona a distribuição das vacinas?
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde (MS) é responsável por coordenar a distribuição de vacinas em todo o território nacional. Com mais de 5.570 municípios e uma imensa diversidade geográfica, esse processo exige um planejamento preciso e uma execução eficiente. Para garantir que a vacina chegue a todas as localidades, o MS trabalha em conjunto com os governos estaduais, que são responsáveis pela distribuição nos municípios.
De acordo com Eder Gatti, diretor do Departamento do PNI, o processo logístico é muito complexo, mas, apesar dos desafios, o Brasil conseguiu distribuir todas as vacinas do calendário básico de vacinação no mês de dezembro de 2023. “Garantimos 100% do abastecimento de todas as vacinas do calendário básico”, afirmou Gatti.
Este trabalho não é simples: o PNI distribui cerca de 300 milhões de doses de vacinas anualmente, e essa quantidade precisa ser organizada de forma que os estoques sejam sempre abastecidos a tempo de atender à demanda.
Desafios logísticos e como são superados
Com a enorme extensão territorial do Brasil, a logística de distribuição de vacinas tem seus desafios. As dificuldades vão desde o transporte até as áreas mais remotas até a organização da cadeia de frio, que é crucial para manter as vacinas em condições ideais até sua aplicação. Para garantir que as vacinas cheguem nas condições corretas, são feitas parcerias com os estados, que têm um papel fundamental na gestão local dessa distribuição.
Em 2024, o MS conseguiu superar vários desses desafios. Além disso, garantiu estoques específicos para vacinas como a de meningite e coqueluche, que possuem uma demanda constante. Essas vacinas, por exemplo, possuem reservas para atender à demanda dos próximos seis meses, como detalhou Gatti.
Tendência de crescimento na cobertura vacinal
O impacto das campanhas de multivacinação
Desde 2023, as coberturas vacinais no Brasil têm mostrado uma tendência de crescimento. As campanhas de multivacinação, realizadas em diferentes momentos do ano, têm sido essenciais para garantir que mais pessoas tenham acesso às vacinas e, consequentemente, a proteção contra doenças. Essas campanhas têm sido direcionadas para aumentar a cobertura vacinal de crianças, adolescentes e adultos, com o objetivo de manter as taxas de imunização altas e evitar surtos de doenças preveníveis.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, até novembro de 2024, o Brasil havia registrado um aumento na cobertura de 15 das 16 vacinas do calendário básico infantil. Desses, 12 já haviam superado as taxas do ano anterior, demonstrando que as ações de conscientização e a ampliação do acesso às vacinas estão surtindo efeito positivo.
A importância da vacinação infantil
A vacinação infantil é um dos pilares da saúde pública no Brasil, pois garante a proteção de crianças contra doenças graves e até fatais, como sarampo, poliomielite e difteria. O PNI é responsável por distribuir as vacinas necessárias para a população infantil, garantindo que todas as crianças recebam os imunizantes de acordo com o calendário estabelecido pelo MS.
Com o aumento da cobertura vacinal, o Brasil tem conseguido manter as taxas de incidência de doenças como sarampo e polio em níveis muito baixos, o que é uma grande vitória para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Superando desafios com novos fornecedores e estoques
Problemas pontuais e soluções a longo prazo
Apesar do esforço para garantir a vacinação de toda a população, alguns problemas pontuais surgem ao longo do processo. Um dos principais desafios enfrentados pelo PNI em 2024 foi a escassez de matéria-prima para a vacina de varicela, que teve seu fornecimento comprometido devido a dificuldades globais no mercado. Para resolver essa situação, o Ministério da Saúde firmou parcerias com três fornecedores diferentes, o que garantiu a normalização da oferta da vacina de varicela no primeiro semestre de 2025.
O chefe do Departamento do PNI, Eder Gatti, garantiu que, mesmo com esses desafios, o Brasil continuará a atender à demanda de todas as vacinas do calendário básico e que novas aquisições de vacinas estão sendo feitas para evitar futuros problemas de fornecimento.
O abastecimento de vacinas contra a COVID-19
Outro desafio enfrentado pelo Brasil foi o abastecimento de vacinas contra a COVID-19. Embora a pandemia tenha diminuído em intensidade, o MS garantiu a continuidade da distribuição de vacinas para que a população se mantenha protegida. Entre outubro e dezembro de 2024, o Brasil recebeu 3,7 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19, das quais 503 mil já foram aplicadas até o final do ano.
O governo também garantiu a aquisição de 69 milhões de doses de vacinas, com entrega gradual e conforme a necessidade, evitando desperdícios e permitindo maior flexibilidade nas entregas.
Prevenindo desperdícios e garantindo a eficiência dos recursos
A transparência nos estoques e descartes de vacinas
Uma das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde para melhorar a gestão das vacinas foi a retirada do sigilo sobre os estoques e descartes de vacinas e insumos. Em 2023, mais de 12,3 milhões de doses de vacinas que estavam prestes a ser descartadas foram aproveitadas e aplicadas, evitando o desperdício de aproximadamente R$ 252 milhões. Isso demonstra o esforço do Governo Federal para usar os recursos de maneira eficiente e garantir que as vacinas sejam utilizadas da melhor forma possível.
Planejamento para evitar desperdícios futuros
Além de aproveitar as vacinas em risco de descarte, o MS tem adotado práticas de planejamento rigoroso para evitar a compra excessiva de vacinas. Com a realização de pregões para aquisição de imunizantes, o governo tem conseguido otimizar a compra de vacinas, evitando a aquisição em excesso e o desperdício de doses.
O Brasil tem demonstrado, ao longo de 2023 e 2024, um grande esforço para garantir que sua população esteja protegida contra uma variedade de doenças. A distribuição eficiente de vacinas, a parceria entre estados e municípios e a constante atualização dos estoques são fundamentais para esse processo.
Apesar dos desafios, como escassez de matéria-prima e problemas pontuais com alguns imunizantes, o Governo Federal tem se empenhado para garantir que a saúde pública no Brasil seja uma prioridade, com ações estratégicas para melhorar a cobertura vacinal e evitar desperdícios. Com esses esforços, o Brasil segue firmando seu compromisso com a saúde de seus cidadãos e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).