Golpistas estão se aproveitando da popularidade das redes sociais para veicular anúncios que induzem as pessoas a pagarem “tarifas” a fim de supostamente receber benefícios governamentais, segundo apuração da agência de notícias Reuters. Esse tipo de golpe se aproveita de programas reais, como o Desenrola para renegociação de dívidas e o sistema Valores a Receber, além de inventar benefícios inexistentes, como a distribuição de aparelhos de ar-condicionado.
Os anúncios fraudulentos costumam trazer vídeos de celebridades e jornalistas, em conjunto com áudios gerados digitalmente, que passam a falsa impressão de que os benefícios são legítimos. Anúncios fraudulentos são direcionados para sites onde as vítimas são atendidas por robôs de chat, simulando interações reais e aumentando a legitimidade da fraude.
Como funcionam os golpes nas redes sociais?
Através de chatbots, as vítimas são levadas a acreditar que estão em conversas on-line oficiais com o governo. Em alguns casos, o robô solicita várias informações do usuário, como o número do CPF. Com o envio das informações, o robô retorna com mais dados pessoais da vítima, como nome completo e data de nascimento.
No final da interação, uma “tarifa” por um suposto benefício é solicitada, iludindo a vítima a efetuar o pagamento para liberar a vantagem prometida.
O que as empresas e governo estão fazendo a respeito?
A Meta, empresa proprietária do Facebook e Instagram, informou que não permite “atividades que enganem, defraudem ou exploram terceiros”. Porém, a empresa não detalhou quais verificações são realizadas para anúncios e anunciantes em suas plataformas.
O governo federal, por sua vez, afirmou que acompanha a circulação de informações sobre programas sociais para combater fraudes e redireciona os casos para as “autoridades competentes”.
O Ministério da Justiça notificou a Meta para remover os anúncios fraudulentos sobre o Desenrola, e a companhia recebeu uma multa diária de R$ 150 mil por manter os anúncios no ar por 62 dias. A multa acumulada chegou ao total de R$ 9,3 milhões.
Por que essas fraudes continuam ocorrendo?
Guilherme Alves, gerente de projetos da SaferNet Brasil, explicou que menção à políticas públicas é uma tática para explorar vítimas em situação de vulnerabilidade e que o uso de chatbots confere uma falsa legitimidade à interação. “Golpistas são muito competentes em ler tendências ou comportamentos para identificar formas de se comunicar e enganar as pessoas”, afirmou.
Ele acredita que com o tempo, esse tipo de estratégia ficará cada vez mais sofisticada e eficaz. Especialistas apontam que, até o momento, as redes sociais não têm a responsabilidade sobre o conteúdo publicado por usuários, como estipula o Marco Civil da Internet.
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No entanto, posts patrocinados podem mudar esse cenário, já que estas plataformas recebem dinheiro para promover conteúdos possivelmente ilegais.
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