Nas últimas semanas, consumidores em todo o país têm sentido no bolso o peso dos novos preços dos remédios. O reajuste autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) foi de 5,06%, mas em algumas farmácias o aumento ultrapassou os 200%, segundo levantamento da CliqueFarma/Afya.
O caso mais emblemático é do contraceptivo Gestodeno + Etinilestradiol, que passou de R$ 39,00 para R$ 67,92 de um dia para o outro — aumento de 74,15%. Ainda assim, o valor estava dentro do Preço Máximo ao Consumidor (PMC) para o estado de São Paulo, que é de R$ 93,31.
A variação de preços, no entanto, não é ilegal. De acordo com o economista Eduardo Amendola, os valores finais podem mudar conforme a estratégia comercial de cada farmácia, incluindo acordos com distribuidores e descontos personalizados.
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Por que o reajuste pesa mais em algumas regiões?
O impacto do aumento é mais evidente em regiões com pouca concorrência entre farmácias. Nesses locais, a atualização dos preços ocorre de forma imediata. Já em centros urbanos, o consumidor pode encontrar estoques antigos com preços anteriores ao reajuste. Outros fatores também influenciam o preço final:
- Variação cambial, já que muitos insumos são importados;
- Custos de produção que envolvem energia, logística e impostos;
- Promoções sazonais e estratégias de fidelização do consumidor.
Dicas práticas para pagar menos na farmácia
Apesar da alta nos preços, há maneiras eficazes de economizar na compra de remédios. Confira as estratégias mais recomendadas por especialistas:
1. Prefira genéricos e biossimilares
Os remédios genéricos são, em média, 30% a 80% mais baratos do que os de marca. Eles contêm os mesmos princípios ativos e eficácia comprovada. Já os biossimilares são versões econômicas de medicamentos biológicos complexos, com igual desempenho.
Dica bônus: peça ao médico a prescrição pelo nome do princípio ativo para facilitar a substituição por genéricos.
2. Utilize a Farmácia Popular
O programa Farmácia Popular do governo federal oferece 41 remédios gratuitos (como para hipertensão, diabetes e asma) e outros com até 90% de desconto. Para ter acesso, basta apresentar:
- Documento com foto;
- CPF;
- Receita médica válida.
3. Busque medicamentos gratuitos no SUS
Muitas unidades básicas de saúde (UBS) distribuem gratuitamente remédios de uso contínuo, antibióticos e anti-inflamatórios. Consulte a lista disponível na sua cidade ou Estado.
4. Compare preços antes de comprar
Sites e aplicativos como:
- CliqueFarma;
- Consulta Remédios;
- Drogaria Onofre;
- Droga Raia e Drogasil
permitem comparar os preços entre diferentes redes. Em alguns casos, a diferença ultrapassa 100% para o mesmo produto.
5. Cadastre-se em programas de fidelidade
As grandes redes farmacêuticas oferecem descontos especiais por meio de programas de fidelidade. Cadastros simples com CPF já garantem preços promocionais em produtos de uso contínuo.
Exemplos populares:
- Viver Mais (Droga Raia/Drogasil);
- Programa Sempre Bem (Pague Menos);
- Clube da Saúde (Panvel).
6. Negocie com o gerente da farmácia
Sim, isso ainda funciona! Muitas farmácias estão autorizadas a oferecer descontos personalizados no balcão. Basta pedir ao atendente para verificar o “preço à vista” ou “preço de convênio”.
7. Parcerias com planos de saúde
Alguns planos de saúde, mesmo os mais básicos, oferecem acesso a remédios com desconto por meio de convênios com farmácias. Verifique no aplicativo ou entre em contato com o suporte do seu plano.
8. Participe de clubes de vantagens
Além de pontos e cashback, alguns clubes de vantagens incluem convênios com farmácias. Cartões de crédito, apps de pagamento e redes de supermercado podem oferecer esse benefício.
9. Explore diferentes canais de compra
Nem sempre a loja física é a melhor opção. Muitos consumidores conseguem economizar mais comprando online, com entregas em até 24h. Verifique também:
- Farmácias de manipulação;
- Distribuidores regionais;
- Atacadistas de medicamentos.
Papel da informação na economia doméstica
A economia no setor farmacêutico depende, sobretudo, de acesso à informação. Consumidores que pesquisam, comparam e planejam suas compras conseguem driblar os efeitos dos aumentos e continuar o tratamento médico de forma contínua.
Manter-se atualizado sobre políticas públicas, reajustes e alternativas pode fazer toda a diferença no final do mês — especialmente para famílias que dependem de tratamentos de longo prazo.
Resumo: principais estratégias para economizar com remédios
Estratégia | Economia média | Onde aplicar |
---|---|---|
Medicamentos genéricos | Até 80% | Todas as farmácias |
Farmácia Popular | Gratuito ou -90% | Farmácias conveniadas |
Comparação de preços | Até 100% | Sites e apps |
Programas de fidelidade | 10% a 40% | Redes nacionais |
Barganha no balcão | 5% a 30% | Lojas físicas |
Clubes de vantagens | Variável | Apps e cartões parceiros |
Medicamentos no SUS | Gratuito | UBS e hospitais públicos |
Conclusão
O aumento no preço dos remédios exige uma postura mais ativa por parte do consumidor. Entender como funciona a regulação de preços, saber onde procurar os melhores valores e utilizar os programas governamentais e privados disponíveis são as armas mais eficientes contra os altos custos.
Em um cenário de crise econômica e inflação, cada centavo economizado faz diferença. E, no caso dos remédios, pode representar a continuidade de um tratamento essencial para a saúde.
Imagem: Nudphon Phuengsuwan/shutterstock.com