Nos últimos meses, a alta nos preços dos alimentos tem se mostrado um desafio crescente para as famÃlias brasileiras. Entre os itens que mais têm impactado o orçamento das casas, destacam-se o feijão e o café, dois produtos tradicionais da alimentação brasileira.
Diante desse cenário, muitas famÃlias precisaram adotar novas estratégias para garantir que, mesmo com os custos mais elevados, a comida continue na mesa. Neste artigo, vamos analisar como os brasileiros estão “driblando” essa inflação alimentar e ajustando seus hábitos para lidar com a alta nos preços.
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Inflação alimentar: um aumento expressivo
A inflação dos alimentos no Brasil atingiu um crescimento de 7,69% no último ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE). Esse número é um reflexo da alta dos preços de itens essenciais como arroz, feijão, leite e carne, que têm impactado principalmente as famÃlias de baixa renda. Comparado aos 1,11% registrados em 2023, o aumento nos preços dos alimentos representa uma pressão significativa no bolso dos brasileiros, forçando-os a repensar suas compras e escolhas alimentares.
O preço do feijão e do café, dois produtos indispensáveis na culinária brasileira, tem subido drasticamente, tornando-se um dos principais focos da preocupação. A inflação não afeta apenas o orçamento das famÃlias, mas também pode comprometer a segurança alimentar, gerando uma disparidade crescente entre as classes sociais.
Causas da alta no feijão e café
Diversos fatores explicam esse aumento nos preços dos alimentos básicos, entre eles:
- ResquÃcios da pandemia: A crise sanitária provocada pela pandemia de covid-19 afetou diretamente a cadeia produtiva de alimentos, especialmente no setor agropecuário. A logÃstica foi prejudicada, o que impactou a oferta de produtos essenciais, como o feijão e o café.
- Mudanças climáticas: Secas e enchentes em regiões produtoras afetaram a produção de alimentos essenciais, elevando seus preços. No caso do café, as condições climáticas adversas reduziram a oferta, resultando em um aumento no valor final do produto.
- Valorização do dólar: O aumento do valor do dólar também impactou os preços, pois muitos insumos, como fertilizantes, são importados, o que encarece a produção e, consequentemente, o preço final dos alimentos.
- Alta dos combustÃveis: O aumento nos preços dos combustÃveis afetou diretamente o custo do transporte de mercadorias, incluindo alimentos básicos, o que gerou um impacto imediato no preço do feijão e café.
Estratégias para economizar: como os brasileiros estão se adaptando
Em um cenário de alta nos preços, muitos brasileiros adotaram soluções criativas para conseguir economizar e ainda assim garantir uma alimentação saudável. Algumas dessas estratégias incluem:
Substituição de alimentos
A substituição de itens tradicionais por alternativas mais baratas tem sido uma tática recorrente entre as famÃlias brasileiras. Entre as substituições mais comuns, destacam-se:
- Feijão tradicional por feijão fradinho: O feijão fradinho tem se tornado uma opção mais barata e nutritiva. Seu custo é quase metade do preço do feijão carioca tradicional, permitindo que as famÃlias façam mais refeições por um valor menor.
- Café por chás: Com o aumento do preço do café, muitas pessoas têm optado por substituir a bebida por chás, que oferecem uma alternativa mais acessÃvel e, em alguns casos, possuem propriedades benéficas para a saúde.
- Carne bovina por opções mais baratas: A carne bovina, que também sofreu aumento, tem sido substituÃda por alternativas mais baratas, como frango, suã ou até carcaça de frango. Estas opções são mais acessÃveis e, se preparadas adequadamente, também são ricas em nutrientes.
- Leite integral por leite em pó: Para quem consome grandes quantidades de leite, o leite em pó tem sido uma opção para reduzir o custo, pois permite um melhor controle da quantidade usada e tem um custo-benefÃcio mais vantajoso.
Redução do desperdÃcio alimentar
Outra estratégia importante para economizar é a redução do desperdÃcio. Muitas famÃlias estão buscando aproveitar ao máximo os alimentos que compram, adotando práticas como:
- Reaproveitamento de sobras: O arroz do dia anterior pode ser transformado em bolinhos ou sopas. Além disso, cascas de legumes como cenoura, abóbora e batata podem ser usadas para fazer caldos nutritivos e saborosos.
- Congelamento de alimentos: Muitas famÃlias estão comprando alimentos em maior quantidade, como carnes e vegetais, e congelando-os para garantir que não haja desperdÃcio e que possam ser consumidos por um perÃodo mais longo.
- Aumento do rendimento das refeições: Estratégias como adicionar mais água ao feijão requentado ou comprar em embalagens grandes para evitar múltiplas idas ao supermercado têm se tornado comuns. Isso permite aumentar a quantidade de refeições por um custo menor.
Mudanças nos hábitos de consumo
Além de substituir produtos e reduzir o desperdÃcio, muitos consumidores estão ajustando a forma como compram alimentos. Alguns exemplos incluem:
- Compras em mercados de bairro: Ao invés de frequentar grandes supermercados, muitos estão optando por feiras livres ou mercados de bairro, onde os preços tendem a ser mais acessÃveis.
- Priorizar marcas nacionais: Para reduzir o impacto dos altos preços, muitas pessoas têm priorizado produtos nacionais, que geralmente são mais baratos do que as marcas importadas.
Impactos na segurança alimentar
A inflação alimentar tem causado um aumento significativo na insegurança alimentar no Brasil. De acordo com a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), cerca de 33 milhões de brasileiros enfrentam algum grau de insegurança alimentar, sendo que muitos não conseguem garantir refeições diárias adequadas.
A alta nos preços dos alimentos tem levado famÃlias de menor renda a optar por produtos mais baratos, mas menos nutritivos, como os ultraprocessados, o que pode comprometer a saúde de crianças, idosos e gestantes.
Medidas do governo
Para conter a alta dos preços dos alimentos, o governo federal tem adotado algumas medidas, como:
- Isenção de impostos sobre produtos básicos: Alguns produtos essenciais, como café, azeite e sardinha, passaram a ser isentos de impostos, na tentativa de reduzir os preços nos supermercados.
- Apoio à agricultura familiar: O governo também tem incentivado a produção local de pequenos agricultores, a fim de aumentar a oferta interna e diminuir a dependência das importações.
- Ampliação do Programa de Alimentação Escolar (PNAE): Este programa visa garantir refeições nutritivas para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, sendo uma medida importante para combater a insegurança alimentar no paÃs.
Conclusão
Embora o aumento dos preços de alimentos como feijão e café seja um desafio para as famÃlias brasileiras, muitas estão encontrando formas criativas e eficazes de se adaptar à nova realidade econômica.
A substituição de alimentos, o aproveitamento máximo dos produtos e a mudança nos hábitos de consumo têm ajudado a minimizar o impacto da inflação alimentar. No entanto, é essencial que o governo continue a adotar medidas eficazes para garantir a segurança alimentar e reduzir as desigualdades no acesso à alimentação no Brasil.
Imagem: Freepik e Canva