O ano de 2025 começou com um desempenho misto nos supermercados brasileiros. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostram uma queda no consumo de 4,25% em fevereiro em comparação com o mês anterior, refletindo uma desaceleração no setor.
No entanto, a perspectiva para os próximos meses, especialmente com a chegada da Páscoa, é otimista, com a previsão de um crescimento de até 12% nas vendas.
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Queda no consumo em fevereiro: fatores sazonais e pressões econômicas
O recuo no consumo nos supermercados em fevereiro é atribuÃdo a uma série de fatores sazonais e econômicos. Tradicionalmente, o inÃcio do ano é marcado por um perÃodo de readequação orçamentária nas famÃlias brasileiras. Segundo Milan, porta-voz da Abras, o aumento das despesas obrigatórias, como o pagamento de mensalidades escolares, transporte e tributos, faz com que os consumidores priorizem gastos fixos, impactando diretamente a compra de itens não essenciais.
Além disso, a realização do Carnaval em março, ao contrário de 2024, quando o evento ocorreu em fevereiro, também afetou o desempenho das vendas. As festas e viagens tÃpicas dessa época influenciam a redução no consumo em mercados, com o público dedicando mais orçamento para lazer do que para a alimentação.
Outro fator relevante foi o aumento no preço de alguns itens essenciais, como ovos e café. De acordo com o monitoramento da Abras, os ovos encareceram 15,39%, e o café torrado e moÃdo subiu 10,77%. Esses aumentos impactaram diretamente o bolso dos consumidores, que, em fevereiro, buscaram reduzir suas compras.
Fatores que impulsionam o crescimento: Páscoa e a recuperação esperada
Apesar da queda em fevereiro, a recuperação esperada para a Páscoa é bastante positiva. A previsão de crescimento de até 12% nas vendas dos supermercados durante esse perÃodo é sustentada por uma série de fatores, incluindo o aumento da renda das famÃlias e a continuidade do impacto de programas de transferência de renda, como o Bolsa FamÃlia. Esses programas desempenham um papel importante ao melhorar o poder de compra das famÃlias, especialmente as de menor renda.
A Páscoa, por ser uma data de alto consumo, tem impacto direto nas vendas de itens sazonais, como chocolates, bacalhau, azeite e vinho. Mesmo com o encarecimento de alguns desses produtos, a expectativa é que os consumidores, motivados pela tradição e pelo aumento da renda disponÃvel, aumentem suas compras no perÃodo.
Aumento no preço de produtos sazonais
Entretanto, o aumento nos preços de produtos tÃpicos da Páscoa pode influenciar o comportamento do consumidor. O azeite, por exemplo, teve um aumento de 18%, enquanto o bacalhau subiu 10%. O vinho importado, item que tradicionalmente acompanha as refeições de Páscoa, também apresentou alta de 7,5%. Os chocolates, que são os produtos mais esperados para essa época do ano, sofreram um aumento de 14%, impulsionado pela valorização do cacau.
Esses aumentos, porém, não devem ser suficientes para desestimular o consumo, segundo a Abras. A previsão é que as vendas durante a Páscoa ainda sejam robustas, compensando parcialmente a queda no inÃcio do ano e estabelecendo um crescimento nas vendas do setor.
Expectativas para o setor de supermercados em 2025
Com a Páscoa como principal motor de recuperação no curto prazo, o setor de supermercados brasileiro tende a experimentar um crescimento contÃnuo ao longo de 2025. A previsão é de um aumento na demanda, impulsionado pela maior confiança do consumidor, redução no desemprego e a recuperação da economia brasileira.
Apesar dos desafios econômicos que ainda afetam parte da população, as perspectivas para o setor supermercadista permanecem positivas, com a Páscoa sendo o primeiro grande indicativo de recuperação no ano.
Tendências de consumo no Brasil
Com a queda do desemprego e a recuperação gradual da economia, os consumidores brasileiros estão cada vez mais otimistas e dispostos a voltar ao consumo de itens que anteriormente foram reduzidos. As grandes datas sazonais, como Páscoa, Natal e Dia das Mães, devem continuar sendo momentos importantes para o comércio de supermercados, especialmente com o aumento da renda das famÃlias e a evolução do mercado de transferências de renda.
Entretanto, a situação inflacionária e o aumento de preços podem continuar sendo um desafio. A sustentabilidade do crescimento dependerá do equilÃbrio entre o aumento da renda e o controle da inflação, além da eficácia dos programas de transferência de renda para sustentar o consumo das classes mais baixas.
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